quarta-feira, 30 de setembro de 2009

07/Outubro

07/Outubro – Dia Internacional do Idoso

O crescimento acelerado da população idosa – com 60 anos ou mais – encontrou a nossa estrutura sócio- cultural despreparada. Até pouco tempo, o Brasil era uma nação de jovens. Agora, caminhamos para nos tornarmos o sexto país do mundo em número de idosos – cerca de 20 milhões de brasileiros. O mesmo processo de envelhecimento populacional ocorre em outros países. A ONU estabeleceu em 1991 os Princípios para as Pessoas Idosas, estimulando os governos a incluí-los em seus programas para assegurar dignidade a esses indivíduos.
Dispositivos constitucionais e medidas legais de proteção ao idoso surgiram desde então no Brasil, como a Lei 8.842/1994 (Política Nacional do Idoso) e a Lei 10.741/2003 (Estatuto do Idoso). Elas integram os esforços para amenizarmos as diferenças e promovermos a integração social dessas pessoas. Mas não se pode apenas esperar as políticas públicas e o cumprimento das leis. É fundamental criarmos uma consciência coletiva através da nossa participação e buscarmos o indispensável foco dos meios de comunicação para evitarmos o agravamento das situações já reveladas – e, sobretudo, sentidas pela população idosa.
O Dia Internacional do Idoso, tenta chamar nossa atenção para o panorama existente na sociedade que “inventou” a velhice, produzindo uma reflexão sobre o nosso comportamento com e na terceira idade, e o desenvolvimento de uma nova postura, solidária e inteligente, em relação a essa etapa da vida – mesmo porque todos nós queremos chegar lá. Essa é uma oportunidade especial para alertarmos e sugerirmos providências para o envolvimento de todos no processo cultural de valorização e respeito àqueles que alcançaram uma idade maior. Há duas faces a serem tratadas em relação a essa questão: a governamental e a nossa, no papel de cidadãos ativos.

Ilustre galeria

A história registra uma vasta relação de pessoas que fizeram importantes contribuições à humanidade quando já estavam na terceira idade. Essa lista é integrada por cientistas, estadistas, escritores, religiosos, poetas, músicos, pintores, filósofos, jornalistas e profissionais de várias áreas, verdadeiros exemplos para a nossa mudança de atitude em relação ao valor dos que possuem cabelos brancos. Entre os que permaneceram ativos nessa etapa da vida, podemos citar, entre outros, Sófocles, Kant, Ghandi, Golda Meir, Churchill, Einstein, Thomas Edison, Voltaire, Vitor Hugo, Cervantes, Leonardo da Vinci, Monet, Renoir, Goya, Cézanne e Picasso. Gladstone foi chefe de governo pela quarta vez aos 84 anos; dos 92 aos 95, Adenauer conduziu a Alemanha no pós-guerra; Bernard Shaw ganhou o Prêmio Nobel produzindo com mais de 70; Verdi criou “Otelo e Falstaff” entre os 74 e os 80 anos; Ticiano terminou o “Cristo Coroado” aos 85; Michelangelo pintou a Cúpula da Basílica de São Pedro aos 75; Galileu inventou o telescópio aos 74; Goethe terminou o “Fausto” com mais de 80; Helena Rubinstein ensinava a mulher a ser mais bela aos 90 anos; até sua morte, aos 84, João Paulo 2o consolidou-se como a maior liderança mundial de seu tempo. Entre os brasileiros, podemos citar Teixeira de Freitas, Sobral Pinto, Austragésilo de Athayde, Roberto Marinho, Barbosa Lima Sobrinho e Oscar Niemeyer – e ainda poderíamos citar muitos outros que deixaram marcas indeléveis.

“Os homens só envelhecem quando os lamentos substituem seus sonhos”, afirmou John Barrymore. É bom distinguir entre ser idoso e ser velho. Ser idoso é estar vivendo há muitos anos e ainda interessar-se pela vida, colaborar com a experiência acumulada. É olhar para frente, participar do momento com esperança, colocar o sol em cada manhã da vida para iluminar caminhos. Ser velho, por sua vez, é olhar para trás e reclamar do ontem nublado, queixar-se com tristeza e mágoa do que passou e lamentar o que não foi conquistado. É desligar-se do que ocorre à sua volta, considerar-se “aposentado”, “inativo”... O idoso sabe que aposentadoria não é exoneração da vida – ele prossegue útil e prestativo. Agradece a Deus o dom da vida. Para ele cada dia é uma oportunidade de criar novas amizades. Ele se estima e demonstra que merece ser respeitado. Nunca se diminui. Sabe sorrir, conviver e combater o tédio e o vazio da vida. Só envelhecemos quando enrugamos a alma, que só enruga quando perdemos os sonhos e os ideais.

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